SO LET ME HOLD BOTH YOUR HANDS IN THE HOLES OF MY SWEATER


Nunca me esquecerei daquela fria tarde de inverno, que passamos nossas suadas horas vagas, embaixo dos nossos edredons, assistindo a um filme estúpido que passava na TV. O que mais me lembro daquela tarde, era de como seu coração batia rápido e de como suas mãos suavam friamente, enquanto seus dedos longos tamborilavam meus braços. Eu sentia que alguma coisa poderia acontecer, todavia, eu não podia premeditar como sempre fazia. Não conseguia lê-lo, não conseguia nem se quer descobrir pistas em seus olhos. Uma certa sensação de pânico tomou conta das minhas veias, mas logo você tratou de apertar meus braços e me aninhar novamente em seu abraço. Aquela tarde fria, representava muito mais do que eu poderia imaginar. Era nosso dia frio de inverno. Todos os outros dias eram só dias de inverno, não eram nossos. Rimos de uma piada sem graça que ouvimos na TV, mas nossas mentes estavam tão alheias àquilo, que nem sequer sabíamos do que estávamos rindo. O tempo tem dessas né? Nos envolver e nos atropelar em questões de segundos. Eu ainda sentia seus dedos trêmulos e gélidos, eu ainda sentia seu coração palpitar de uma forma tão intensa, quanto aquele nosso primeiro beijo. Eu deveria perguntar-lhe, mas quem sou? O silêncio sempre tratou de responder nossas perguntas. O silêncio sempre foi nosso amigo, eu não poderia trai-lo agora. Mas eu precisava. Em um sussurro, te perguntei que horas eram, você me respondeu que era hora de eu ser sua para sempre. Mas não mundo humano comum, mas no nosso mundo. O mundo que criamos. Assenti na hora, porque do nosso mundo, a gente é que sabe. Eu havia ouvido em um filme brasileiro, que a gente é o que a gente sente. Então eu fui pega em flagrante por seus olhos espertos, e, naquele momento, você soube a resposta para a sua pergunta. Essa resposta eu sempre soube. 

Texto originalmente publicado em 2015 no blog Anne and cia. 

Anelise Besson

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